O projeto não é novo, nem tão pouco é inédito no Brasil. Contudo, há uma mística inebriante única presente nos city tours que, cada vez mais, cai no gosto da população pernambucana. Trata-se do projeto Olha Recife, promovido pela prefeitura desta cidade, que tem atraído olhares de residentes e turistas.
Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus nos idos holandeses |
Toda semana a Secretaria de Turismo do Recife, sob o título do projeto, dispõe para a população, vários passeios inusitados que despertam de sobremaneira a curiosidade dos que estão acostumados a aproveitar a cidade somente de forma mecânica, seja indo e voltando para o seu trabalho ou para a sua escola ou faculdade. Os passeios disponibilizados no site www.olharecife.com.br seguem sempre um temática própria, que mostra a nuance sob determinado aspecto da sua história, arquitetura ou cultura. Assim, surgiram os roteiros Recife Francês, Recife Inglês, Recife Maçônico, Circuito das Pontes, Circuito da Abolição, Circuito do Carnaval e por aí vai. São mais de 30 títulos (não disponibilizados de uma só vez, claro). Entre os favoritos, sem dúvida, estão o Recife Holandês, do qual falaremos um pouco hoje, os passeio de catamarã e o Recife Mal Assombrado - esse o mais procurado e falado na Região Metropolitana (já sobre este temos novidades e falaremos em outra postagem).
Busto de Nassau (umas das únicas homenagens a este grande empreendedor) e por trás a Praça da República, seu antigo jardim botânico. |
No sábado passado (06/06), a equipe do Via Dourada participou do passeio Recife Holandês que, para a nossa grata surpresa, não deteve-se apenas na capital pernambucana e seguiu para a cidade de Jaboatão dos Guararapes, palco dos grande confrontos entre pernambucanos e holandeses que resultaram na expulsão destes últimos em 1654.
O encontro é no Centro de Apoio ao Turista na praça do arsenal. Uma funcionária de apoio confirma as inscrições dos que chegam e recolhe os donativos em alimentos (solicitação do projeto desde a hora da inscrição). Com a reunião de todos na praça, logo chega a guia de turismo que faz uma saudação ao público e logo começa a explanação do roteiro. O tom é super suave, a explicação é de quem entende e por isso o faz de forma simples e clara. Nota-se nela a emoção nutrida pela cidade e o encanto por toda a sua história. Com o grupo já interessado no que virá a seguir, a guia inicia o passeio.
A partir daí a cortina vai se desvendando e detalhes curiosos da cidade são atirados ao público ávido por eles. O jeito de outrora de se viver naquela cidade espanta a todos. A forma de comércio, do relacionamento dos moradores e até da higiene (ou falta dela) são reveladas ao sons de "Meu Deus" e "não acredito". Comparações da época dos antecessores da época de Nassau com a nossa é feita com propriedade. Mas ali era só o começo do tour.
Subindo em um confortável ônibus climatizado, seguimos para o bairro de Santo Antônio, onde Nassau queria construir uma nova Amsterdã. Por ali vimos o que restou da colonização holandesa, muito erigido somente através de um exercício imaginativo, mas era o suficiente para dar fluxo a nossa criatividade.
Vista do Recife nos Montes Guararapes |
Terminado o tour do Recife, seguimos para Jaboatão, onde uma pequena comitiva do Exército nos esperava nos Montes Guararapes. No mirante recebemos explicações do que se passou nos confrontos bélicos entre os luso-brasileiros e os holandeses. Estávamos in loco onde tudo aconteceu. Foi um show. Partimos então para a Igreja da Nossa Senhora dos Prazeres, inicialmente construída por um dos heróis da Batalha do Guararapes, o Capitão Mor de Pernambuco Francisco Barreto de Menezes.
Explanação feita sobre a Batalha dos Guararapes |
A igreja é linda, O cenário até sua chegada é que é mais lindo ainda. Faz-se ali um transporte no tempo. Do lado de fora, no meio da relva, meninos e meninas tocavam em uma roda de Maracatu. Do outro lado, outras criança brincavam de pega-pega e de se esconder. Não havia tecnologia aparente. O contato humano ainda prevalece nas brincadeiras por lá, assim, a impressão é que estávamos no Século XVII com suas aldeias e seus nativos.
Igreja Nossa Senhora dos Prazeres |
Depois de adentrarmos a igreja e de saber que ali estão os restos mortais dos heróis da Insurreição Pernambucana, André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, o passeio chegou ao fim. Nem muito curto, nem muito longo a ponto de cansar. O tempo e a simpatia da guia Cristina lograram o limite perfeito para um excelente dia de lazer.
Deixamos aqui o nosso parabéns a Secretaria de Turismo da Cidade do Recife, e a todos que idealizam e colocam em prática esta excelente iniciativa.
Equipe do Olha Recife |
Até mais!
César William
* Dicas
- Site para inscrições: www.olharecife.com.br
- Dia de inscrições: Todas as Sextas a partir das 8h (é bom ficar de olho na programação desde o dia anterior)
- Como inscrever-se: Acesse o site antes das 8h, pois alguns passeios têm inscrições realizadas as 8h, outros às 8:30 e finalmente às 9h.
- Seja rápido. As inscrições dos s passeios mais concorridos costumam acabar em 5 ou 6 segundos após a abertura. A tecla F5 do seu computador é um ótimo recurso para atualizar a página do site para saber o exato momento em que as inscrições se abrem.
- São cerca de 4 horas de passeio.